Compras feitas em suaves prestações, cartões de loja, crédito fácil, serviços promocionais, combos e promoções do tipo “leve três e pague dois”. Em tempos de crise, o comércio ávido por vender apela para diversas estratégias que, em muitos casos, podem ser vantajosas para o consumidor. No entanto, esses itens podem se tornar o passaporte para o endividamento.
A venda de pacotes ou combos, destaca o economista e professor da Unesc, Jorge Henrique de Miranda, é uma das formas de estímulo à compra mais comuns que existem no mercado. “Os combos estimulam as pessoas a comprar coisas que não precisam ou não querem. Isso é disfarçado de promoção, levando o consumidor a crer que está fazendo um bom negócio”, argumenta.
Outra estratégia, diz o professor, é a facilidade para comprar algo. “Hoje, dá para dividir as compras em dez vezes. Mas é preciso lembrar que cartão de crédito e cheque especial não são salário, tem que ter dinheiro na conta enquanto está gastando. E nunca, em hipótese alguma, deixe de pagar o cartão ou o cheque especial, senão é endividamento na certa”, destaca.
Para Miranda, quanto mais fácil é tomar dinheiro no mercado de crédito, mais armadilha ele tem. “Dinheiro fácil, empréstimo consignado, isso aí lá na frente o consumidor vai pagar o dobro ou o triplo do que pegou. Todo mundo precisa de crédito para comprar uma casa, um carro, viajar. Mas não dá para pegar isso sem ter como pagar”, instrui.
A compra não pode ser feita por impulso, alerta o economista e coordenador geral da Faculdade Pio XII, Marcelo Loyola Fraga.
“A empresa e o comerciante estão aí para vender seus produtos, cada um compra o que quiser. Um dos principais motivos da compra não é somente a necessidade, é o desejo. E também há a compra por impulso, que pode ser estimulada por uma propaganda, pelo preço baixo, por algum tipo de promoção como ‘pague 1, leve 2’ ou ‘compre o combo e tenha desconto’... Nesses casos, se as compras que o consumidor faz não cabem no bolso, ele tem que andar com uma calculadora. Usar ela para ver se aquela promoção ou se o combo vale a pena mesmo”, aconselha.
Em promoções do tipo “pague 1, leve 3”, é preciso avaliar o custo e o benefício, diz Fraga. “Normalmente, o preço tem desconto, mas vai compensar o consumo que você não estava planejando? Normalmente, a promoção é um produto de boa saída, com um produto encalhado. Então, é preciso avaliar isso para não gastar mais com algo desnecessário”.
Veja as armadilhas
1 Liquidações: É muito comum ver o preço ser aumentado antes de uma oferta ser anunciada, o que gera uma percepção ao consumidor de que há desconto maior. Por isso, é precisa acompanhar o preço do produto que deseja comprar e se planejar.
2 Cartão de loja: Em muitos casos, o cliente tem que pagar a fatura na própria loja, o que o acaba levando a comprar outros produtos e a se endividar mais. Muitos cartões não têm taxas de anuidade, mas cobram outras taxas. Outro ponto é ficar atento a seguros e serviços não embutidos nas compras.
3 Cartão de crédito: O cartão traz comodidade, mas é muito fácil se enrolar e acabar endividado com ele. Muita gente usa como uma salário extra, e esse é o principal erro. Quem tem vários cartões perdem a noção de gastos.
4 Parcelamento longo: Muitas lojas oferecerem parcelamentos em 10 vezes ou mais. O valor da compra pode aumentar bastante com isso. Juros embutidos podem passar desapercebidos.
5 Crédito fácil: Quanto mais fácil o crédito, mais caro ele será. Com o dinheiro à mão, a tentação é grande e o cliente pode perder o controle, se afundando em dívidas.
6 Combos: Nos combos, os serviços são ofertados com preço inferior aos produtos separados, mas nem sempre é um bom negócio, pois muita gente acaba adquirindo um produto que não queria. Calcule se vale a pena.
7 Promoção no supermercado: Há supermercados que atraem os clientes pela promoção, mas o valor baixo em um produto sempre será compensado em outro. Para economizar de fato, o ideal é comprar só o produto em promoção e buscar em outro local com outras promoções.
8 Parcelar contas básicas: Contas como combustível para o carro e supermercado são despesas que o consumidor tem todos os meses. Por isso, essas compras não devem ser parceladas.
9 Pensar só no valor da prestação: Muita gente se preocupa só com o valor da parcela que está contratando no momento de uma compra. Mas é preciso ser controlado com o cartão para não fazer diversos parcelamentos pequenos que acabem virando uma bola de neve. É observar também se há condições de pagar o produto, se ele cabe no padrão de vida que o salário pode pagar.
10 Não pesquisar preço: É muito comum ver pessoas comprando produtos por impulso, principalmente itens de vestuário, calçados e para a casa. A tentação é grande mas, para não se endividar, o indicado é planejar a compra e pesquisar o preço dos produtos em diversos lugares.
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